quarta-feira, 25 de junho de 2014

Dois cigarros, uma última dose e um oceano misterioso.

Sábado à noite todo mundo espera alguma coisa e, principalmente, quando se encontra na mesa de um bar... Mas naquele dia eu não tinha nada. Nada além de dois cigarros e uma garrafa de uísque. O que mais podia esperar? A sua companhia? Sua ligação? Não se engane, meu bem, seria mais fácil um raio cair sobre a minha cabeça. Então, resolvi me embriagar. Entre baladas, bebidas, sambas e conversas paralelas fui me envolvendo e deixando se envolver pelo ritmo durante toda a noite. Afinal, as coisas não precisam seguir sempre uma linha reta. Confesso que gosto do acaso, porque muitas vezes ele nos pega desprevenidos, toma as rédeas da situação e cria novas possibilidades, dando espaço para o cultivo de novos sentimentos. Naquela noite, eu nada esperava e nada queria, no entanto, o acaso chegou jogando no mais baixo nível que alguém já um dia imaginou. Ele me vem com um sorriso lindo e olhos castanhos envolvidos de mistérios desafiando-me a mergulhar no imenso oceano de misterioso daquele olhar.
Mais uma dose e uma tragada, enquanto fixamente meus olhos estavam postos nele, observando cada movimento, cada expressão, cada sorriso disfarçado, que alimentavam mais ainda a vontade de puxá-lo para o meu mundo. Não sou mulher de meias palavras, meios gestos, tampouco meias atitudes. Diante de toda a situação, eu respirei fundo, apaguei o último cigarro, bebi a última dose e, simplesmente, fui ao encontro dele. Bastou a primeira palavra para saber que o oceano em que mergulhava me traria bons frutos. Segurança e determinação é disso que eu gosto. Enquanto isso, no fundo, uma música estava se encerrando e, logo, outra se iniciava. Então eu puxei para a pista. Essa falava do pôr do sol, de um novo amanhã, de novas possibilidades, de um olhar presos em pontas de estrelas perdidas no mar... Juntos, curtimos o som. No final da noite, apresentamo-nos e cada um foi para o seu lado. Não percebi quando foi embora. Suponho que ele também. 
 Amanhã, outro dia, assim como disse a última música que embalou a mim e meu oceano misterioso na noite passada. Esse novo dia chegou, a última garrafa de uísque que eu tinha grande apreço acabou, juntamente ao último cigarro que fora apagado antes do primeiro passo para o encontro que o acaso proporcionou. Não sei seu endereço, apenas seu nome e a imagem do sorriso que ficou cravado em minha mente. A busca será incansavelmente prazerosa, porque não são todos os dias que se encontra um oceano cheio de mistérios que somente aqueles que amam e têm sentidos aguçados podem desvendar.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Nunca pensei que pudesse chegar a esse ponto. O ponto em que eu me desfaria totalmente de você e me dedicasse apenas a mim. Mesmo assim, ainda dói saber que não posso mais te tocar; saber se você está bem depois de um dia cansativo de trabalho; não ouvir sua voz aveludada sussurrando besteirinhas ao pé do ouvido. Não sabes o quanto é difícil te ver de longe quando, na verdade, eu queria correr para o seus braços e matar essa louca saudade; fazer loucuras por, e com você. Não posso negar, fui dependente de ti, embora, às vezes penso que ainda restam resquícios que, aos poucos, venho superando, tentando esquecer. Mas sigo. Lutando todos os dias contra o meu maior ponto fraco, pois preciso de mim, tanto quanto preciso de você, por isso vou, mas um dia volto, mesmo que seja apenas para te observar.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Des-encontro.

Foi de tanto andar na contramão, que perdi seus passos. Hoje sinto meu coração explodir como um copo de vidro ao cair no chão. Sem perceber, deixei que o vento te levasse para bem longe, e tu passarinho que sois, fizestes morada em outro ninho. Talvez este seja mais confortável e estável, pois não era interessante para ti a imprevisibilidade e inconstância do meu. O tempo se vai como as areias que escorrem pelos meus dedos. O tempo e as areias não voltam, meu bem. Porém espaço em que estamos podem, devem e irão mudar. Este é o verdadeiro encanto da coisa. Então faças da tua liberdade o teu lar, mas sempre que der, voltes...